terça-feira, 3 de agosto de 2010


Da didática normativa à epistemologia da prática: a importância da didática para a atuação do professor universitário

O professor, acima de tudo, deve ter uma visão pluralista reconhecendo aspectos particulares de cada aluno e as diversas formas da cognição, reconhece também que as pessoas têm capacidades distintas para adquirir conhecimentos e estilos diferentes de aprendizagem.




DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

Da didática normativa à epistemologia da prática: a importância da didática para a atuação do professor universitário

Após o contato com a disciplina Didática do Ensino Superior, tenho me perguntado qual o conceito de epistemologia da prática, ao refletir sobre o assunto encontrei uma citação de Pimenta que esclarece a sua definição:

(...) uma área de estudos da Ciência da Educação (Pedagogia), que, assim com esta, possui um caráter prático (práxis). Seu objeto de estudo específico é a problemática de ensino, enquanto prática de educação, é o estudo do ensino em situação, ou seja, no qual a aprendizagem e a intencionalidade almejada, no qual os sujeitos imediatamente envolvidos (professor e aluno) e suas ações (o trabalho com o conhecimento) são estudados nas suas determinações histórico-sociais. (PIMENTA, 1996:62-63) apud MONTEIRO, Silas Borges. Em busca de conceituação de epistemologia da prática. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/24/P0461051970573.doc. Acessado em 24/10/2007.

O professor, acima de tudo, deve ter uma visão pluralista reconhecendo aspectos particulares de cada aluno e as diversas formas da cognição, reconhece também que as pessoas têm capacidades distintas para adquirir conhecimentos e estilos diferentes de aprendizagem.

O professor precisa entender que só a exposição, a cobrança e a recompensa é um processo desassociado da realidade. Logo, a sala de aula deve tornar-se laboratório de idéias, onde o debate e a negociação deve ser uma constante, representando a realidade.

As salas de aula devem ser entendidas como um espaço de conhecimento compartilhado, na qual os professores e os alunos sejam vistos como indivíduos capazes de construir, modificar e agregar idéias, permitindo a interação com outras pessoas, deixando claros os objetos e situações que exijam o pensar e reflexão a respeito de procedimentos, instrumentos de aprendizagem e avaliação dos problemas que têm que superar.

É incontestável a importância da intervenção e mediação do professor no conjunto dos papéis relativos ao ensino-aprendizagem, agregando um processo de avaliação que possibilite os alunos realizar e resolver problemas, criando condições para desenvolverem competências e conhecimentos.

O que levo em conta ao entrar na sala de aula é a perspectiva de que o aluno deseja aprender e está disposto a mostrar o que sabe sem medo de ser discriminado, humilhado ou ridicularizado. Portanto, está na hora de pararmos de questionarmos as mesmas coisas e começarmos a colocar em prática nossas reflexões, análises e suposições em prol de uma escola inclusiva e formativa.

Certa vez eu recebi uma mensagem, de um amigo, também professor, que me pedia ajuda para um problema. O que fazer para motivar os seus alunos no curso noturno?

Primeiramente, motivação, o que é isto? O que faz com que um indivíduo saia bem disposto de casa e enfrente com otimismo o dia que tem pela frente. E compensação, outro se arraste para fora da cama só pensando em como vai ser duro chegar à empresa e como o tempo custa a passar quando está lá, imaginando que em seguida terá que enfrentar mais uma maratona, tendo ainda que disponibilizar mais algumas horas enfrentando um curso noturno, geralmente, feito após horas de trabalho, sob forte estresse.

O que faz com que uma escola seja um lugar estimulante onde se aprende coisas novas, o trabalho é duro, mas o resultado aparece mais à frente.

Enquanto outra é o purgatório por onde se tem que passar até chegar o bendito fim de semana?

Certamente muitas coisas diferenciam uma escola da outra: Políticas e Normas, ambiente físico, nível salarial, benefícios, mas sinceramente acredito que o principal fator de motivação são as atitudes das pessoas, principalmente, da direção e principalmente a formação dos professores.

No que diz respeito à formação de professores há de se operar uma mudança da epistemologia da prática para a epistemologia da práxis, pois a práxis é um movimento operacionalizado simultaneamente pela ação e reflexão, isto é, a práxis é uma ação final que traz, no seu interior, a inseparabilidade entre teoria e prática. O processo humano de compreensão-ação é, intrinsecamente, uma dinâmica que se lança continuamente diante da própria consciência de sua ação. Mas, a ação, puramente consciente da ação, não realiza em si uma práxis.
A consciência-práxis é aquela que age orientada por uma dada teoria e tem consciência de tal orientação. Teoria e prática são processos indissociáveis. GHEDIN, Evandro Luiz. Professor-reflexivo: da alienação da técnica à autonomia da crítica. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/24/po80776477255.doc. Acessado em 24/10/2007.

O grande sinal de alerta para cada um de nós profissionais do ensino é: Qual o sentido da aprendizagem? Quais valores estão presentes em nossa vida pessoal e acadêmica? Que prazer, que paz, que harmonia, que felicidade, que vida é esta afinal? Que herança se pretende deixar para os filhos: imóveis, bens, investimentos ou o orgulho de ter tido pai / mãe íntegros? Os filhos lembrarão de nós pelos caros presentes ou a figura dos pais ausentes? Lamentarão os pais e os filhos dos abraços e beijos não trocados, das conquistas não celebradas em família, dos sorrisos, afagos e ternura que o excesso de trabalho que impediu que isso ocorresse?

Em relação aos nossos alunos: deixaremos como referência a figura do professor chato, intransigente, inflexível, que não erra. O senhor do saber? O nosso aprendizado e o processo de aprendizagem serão apenas transacionais, terminou mais um semestre, mais um ano, ou, pode ser transformacional, tanto para os alunos como para os professores, institucionalizando-se o processo ganha-ganha.

Antes que seja demasiadamente tarde, urge provocar uma mudança de sentido e definir um novo propósito para a educação no Brasil que restabeleça a integridade do ser humano, a beleza do encontro, o esforço vivificante de ser cada dia mais. Quando os professores vêem os problemas dos alunos como oportunidades para construir um relacionamento, e não como um peso irritante e negativo, modifica-se totalmente a natureza da interação entre alunos e professores. Os professores ao se tornarem mais dispostos, até mais entusiasmados, para entender melhor os alunos.

A epistemologia da prática docente deve tratar os professores e alunos como agentes que ensinam e aprendem, ambos são responsáveis pelo ensino e aprendizagem.

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